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Trabalhamos embarcadas, offshore, dentro d’água, como queiram. As palavras para explicar essa maneira de ganhar a vida, ou ganhar o sagrado dinheiro para viver a vida, tem muitos nomes. Mas, o importante é o que se ganha na convivência. Neste mundo muito diferente, temos o privilégio da intimidade quando descobrimos a beleza no interior dos seres mais incríveis. Verdadeiros presentes em palavras pois é o que podemos aqui compartilhar. Pérolas que não vão adornar o corpo mas com certeza vão fazer crescer o valor da alma de cada uma de nós. Se nem tudo que se mostra é belo, não importa. Se percebermos o equilíbrio, vai ficar tudo bem!

23 setembro, 2015

Conversa de Mulher







Leo Jaime, em seu livro “Cabeça de Homem”, escreveu que o “Clube da Luluzinha”, ou seja, conversa de mulher é maçante! Adivinha? Não gostei nada desse conceito! Mesmo porque ele ainda citou alguns temas das nossas conversas como o mundo “cri-cri” das crianças/criadas, onde comprar ou de como emagrecer, sendo prováveis temas “maçantes” quando nos encontramos.
Minha amiga querida você considera esse tipo de conversa entediante? Imagino que falar dos filhos, da dificuldade em encontrar uma boa ajudante para nosso dia a dia apertado, onde comprar TUDO, mais barato e melhor e emagrecer (ah, sim, falamos sobre engordar também!) pode ser o fim do mundo do tédio. Quem nos dera! Se esses assuntos fossem assim tão descabidamente entediantes todos os nossos problemas estariam resolvidos.
Mas não é só isso. Conversamos sobre o mundo, sobre carros, sobre os homens. Debatemos uma ideia ou várias para acabar com doenças (principalmente psicológicas) e tentamos solidariamente abraçar nossas irmãs de todas as formas para destruir com ferocidade todos os problemas.
Maçante? Nunca! Nem quando todas as minhas tias se juntam – e falam ao mesmo tempo – sobre tudo e sobre nada, entedia. Pelo contrário. Gosto de assistir ao relato da infância delas, as dificuldades, as virtudes. É maravilhoso poder fazer parte de um mundo tão distante do meu e ao mesmo tempo tão perto. É um privilégio observar seres tão ricos compartilhando um pouco das suas experiências de vida.
E a energia? Ah, a energia feminina, que brota lá de dentro, daquele útero que não só dá a luz às crianças, mas também dá luz ao equilíbrio do universo. E essa luz faz crescer e se expandir por todas as células, alcançando o coração e inundando a mente de ideias, criatividade, alegria e consolo. 
Quando nós, meninas, nos encontramos, é como se o tempo abrisse uma brecha única para deixar passar tudo o que carregamos na alma. E falar sobre tudo isso nos dá estofo. Compartilhar palavras com café e bolo nos dá resistência. Estar juntas em um único lugar, marejando os olhos com os sentimentos de sua amiga, é amor profundo, insubstituível.
E em minha opinião totalmente egoística, é por isso que as mulheres crescem mais rápido. Evoluem. Em uma proporção tão fenomenal que jamais algum homem vai entender.
Concordo que devemos aprimorar o convívio com os mundos masculino e feminino. Tentar aprender os segredos ou jeitos, um do outro e assim tornar nossa convivência mais equilibrada e inteligente. Mas ainda estamos muito longe de sermos perfeitos. Afinal, somos de Vênus, e eles, de Marte!
Temos sempre muito que aprender. E sempre, de alguma forma, ensinamos também. Mas, além do preconceito, semitismo, fascismo, homofobia, sectarismo, ascetismo, misantropia, niilismo, pragmatismo e violência de vários níveis, ainda prefiro o epicurismo e o humanismo. Não podemos perder nossa essência divina. Não podemos julgar e condenar nossas irmãs, que são fundamentais para nossa existência e sobrevivência e, também, devemos entender que nossos estimados homens só conseguem atingir o Nirvana na “caixa do nada”, com o controle remoto na mão. Aí sim, eu concordo com o autor do livro: isso deve ser muito chato! Ainda mais se tiver um filho "cri-cri" querendo colo ou comida ou simplesmente atenção!
Mas o fundamental é o respeito. Mulheres e homens são diferentes como homens são diferentes de garotos, de adolescentes e de velhos. E assim também é no universo feminino. Cada mulher, cada homem, tem sua bagagem, sua construção psíquica, seus traumas e valores. Generalizar? Muito difícil, mas muitas vezes é isso que fazemos descendo o martelo do juízo final condenando nossos irmãos e irmãs.
Ontem, reencontrei uma amiga que trabalhou comigo em um navio há mais de 4 anos. Quando nos vimos nos abraçamos e nos emocionamos. Embora não estivéssemos nos visto nesses últimos anos, o carinho, a cumplicidade, o amor estava ali. Mulheres são assim. Não necessitamos muito coisa para nos fazer feliz, se a semente é bem plantada e enraíza com respeito e sentimento sincero, é só deixar crescer que a amizade estará sempre lá!
E continuamos nossa narrativa - nada enfadonha - de nossas vidas: separação, mudança, casamento, um gatinho novo (de verdade), compra de carro, cirurgias, tratamentos, família, pai, mãe, sobrinhos, irmãos, viagens, reformas, trabalho, colegas - "Como é bom trabalhar com você"; "Senti sua falta"; "Você está muito bem."; "Vai me visitar."; "Vou sim, pode esperar."; "Vou esperar sim, só quero ver."
Claro que eu vou! Será um privilégio poder segurar seu filho um pouquinho e sentir que ele foi muito feliz e sábio ao escolher uma mãe como você!
Não entendo como os homens podem achar o papo da mulher maçante, tendo, todas nós, tantas responsabilidades. Maçante é termos que matar o mesmo leão todos os dias na louça que nunca parece estar limpa. "Acabei de lavar 5 copos e a pia está cheia, novamente!" 
Chato é ter que agarrar o pitbull pelo pescoço todos os dias explicando para seu filho pré-adolescente que ele precisa estudar, caso contrário ele vai ter 10% de oportunidade no mercado de trabalho, enquanto ele pensa no joguinho em seu celular de última geração. 
Cansativo é quando não conseguimos que nosso companheiro fale a mesma língua que nós, e temos que usar mais um artifício "inteligente" para que o interesse não desça ralo abaixo, como se fôssemos as únicas responsáveis por tudo que acontece no mundo.
Fala sério!!!!!

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