Todos precisam de
amantes. Desses que amam mesmo, sem limites, sem essas mazelas
sociais-religiosas hipócritas. Precisamos dessas pessoas de vez em quando – vez
em sempre – para nos dar aquilo que geralmente nossos companheiros “oficiais”
não conseguem.
Nunca encontramos
o ouvido necessário, o carinho desmedido, a compreensão sem julgamento naqueles
que dividem a rotina, pode ser que no início sim, mas o tempo passa e tudo se
perde. Aqui, nessa vida no mar, sempre
falta algo, sempre há um vazio no todo, como se não houvesse um entendimento
com interesse real. E aqueles que ficam em casa não conseguem entender o que se
passa no nosso coração.
Esta vivência
fragmentada abre portas para outros e outras. O cárcere que nos obriga a
desancorar da vida aterrada nos leva a ignorar limites. Nos apaixonamos. Nos deslumbramos
porque eu vejo noutra pessoa, o que gostaria de ter. E me atiro!
E aquele
esteriótipo de traidor-sem-vergonha ou aquela figura da mulher piranha-destruidora-de-lares
não faz nenhum sentido. Aqui na água, na terra ou no ar, existem pessoas pessoas
que sabem se dar sem cobrar. Que são livres, que já ultrapassaram os limites
convencionais e sabem aproveitar os minutos da vida e serem felizes – no fogo –
, sem amarras, sem cobranças, sem pudores desnecessários.
Mas é difícil, muito
difícil. Porque somos sempre julgados, discriminados e condenados por não
conseguirmos viver essa vida proclamada normal. A sociedade dita regras e, para
não sermos marginalizados, precisamos segui-las.
Mas lá no fundo
somos livres. Isso é que incomoda. Não existe religião, origem, sentimento,
consciência ou qualquer coisa que consiga explicar a simples liberdade de
sentir, de gostar de alguém, de querer se fundir no pensamento que é tão igual
ao seu, sua casa, seu porto, sua cama.
E, acreditem,
todos realmente precisam de amantes. Para seu amor próprio, para seu coração
bater com paixão, para melhorar todos os relacionamentos – antigos e atuais.
Todos precisam de amor. Todos precisam de motivos, de emoção, de vida secreta.
Os segredos que
alimentam a imaginação. Que dão aquele gás necessário ao mundo imaginário. Mas não
existe nada de imaginário no toque que aquece, na poesia que cresce, nas
palavras que sempre queremos ouvir. Aquele olhar cúmplice, a antecipação do
momento do encontro.
Todos precisam de
ouvidos. Todos precisam se entendidos.
Todos precisam de colo, de uma mão que não nos deixe pular no precipício.
Mas quem vai confessar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário