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Trabalhamos embarcadas, offshore, dentro d’água, como queiram. As palavras para explicar essa maneira de ganhar a vida, ou ganhar o sagrado dinheiro para viver a vida, tem muitos nomes. Mas, o importante é o que se ganha na convivência. Neste mundo muito diferente, temos o privilégio da intimidade quando descobrimos a beleza no interior dos seres mais incríveis. Verdadeiros presentes em palavras pois é o que podemos aqui compartilhar. Pérolas que não vão adornar o corpo mas com certeza vão fazer crescer o valor da alma de cada uma de nós. Se nem tudo que se mostra é belo, não importa. Se percebermos o equilíbrio, vai ficar tudo bem!

15 outubro, 2017

Precisa-se de...


Todos precisam de amantes. Desses que amam mesmo, sem limites, sem essas mazelas sociais-religiosas hipócritas. Precisamos dessas pessoas de vez em quando – vez em sempre – para nos dar aquilo que geralmente nossos companheiros “oficiais” não conseguem.
Nunca encontramos o ouvido necessário, o carinho desmedido, a compreensão sem julgamento naqueles que dividem a rotina, pode ser que no início sim, mas o tempo passa e tudo se perde.  Aqui, nessa vida no mar, sempre falta algo, sempre há um vazio no todo, como se não houvesse um entendimento com interesse real. E aqueles que ficam em casa não conseguem entender o que se passa no nosso coração.
Esta vivência fragmentada abre portas para outros e outras. O cárcere que nos obriga a desancorar da vida aterrada nos leva a ignorar limites. Nos apaixonamos. Nos deslumbramos porque eu vejo noutra pessoa, o que gostaria de ter. E me atiro!
E aquele esteriótipo de traidor-sem-vergonha ou aquela figura da mulher piranha-destruidora-de-lares não faz nenhum sentido. Aqui na água, na terra ou no ar, existem pessoas pessoas que sabem se dar sem cobrar. Que são livres, que já ultrapassaram os limites convencionais e sabem aproveitar os minutos da vida e serem felizes – no fogo – , sem amarras, sem cobranças, sem pudores desnecessários.
Mas é difícil, muito difícil. Porque somos sempre julgados, discriminados e condenados por não conseguirmos viver essa vida proclamada normal. A sociedade dita regras e, para não sermos marginalizados, precisamos segui-las.
Mas lá no fundo somos livres. Isso é que incomoda. Não existe religião, origem, sentimento, consciência ou qualquer coisa que consiga explicar a simples liberdade de sentir, de gostar de alguém, de querer se fundir no pensamento que é tão igual ao seu, sua casa, seu porto, sua cama.
E, acreditem, todos realmente precisam de amantes. Para seu amor próprio, para seu coração bater com paixão, para melhorar todos os relacionamentos – antigos e atuais. Todos precisam de amor. Todos precisam de motivos, de emoção, de vida secreta.
Os segredos que alimentam a imaginação. Que dão aquele gás necessário ao mundo imaginário. Mas não existe nada de imaginário no toque que aquece, na poesia que cresce, nas palavras que sempre queremos ouvir. Aquele olhar cúmplice, a antecipação do momento do encontro.

Todos precisam de ouvidos. Todos precisam se entendidos. 
Todos precisam de colo, de uma mão que não nos deixe pular no precipício.
Mas quem vai confessar?

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