Há algum
tempo atrás, fiquei feliz pela possibilidade de fazer um novo amigo. Ledo
engano. Acabou tornando-se meu ex vulgo amigo. Você deve estar pensando:
afinal, ex amigo, ou vulgo amigo? Vou tentar explicar. Imagine que você pensa
que tem um amigo e de repente, esse amigo não existe mais! A amizade ficou no
passado e, portanto, não era amizade, era uma “vulga amizade”. Pior que a culpa
foi minha. Eu estraguei tudo. Eu o magoei. Falei o que ele não queria ouvir, e
o afastei com minha ferina verdade. Fui insensível e não respeitei os
sentimentos, o tempo, a fase que ele estava passando. Talvez na ânsia de tentar
ajudar eu estraguei tudo.
Mas fico
pensando que na vida real existem vários tipos de amigos-colegas. Aqueles que
riem contigo; que contam segredos; que apenas falam; que só escutam; que te
emprestam dinheiro; que te dão carona; que te ligam no meio da noite; que não
te ligam nunca, mas sabem seu número de cor; que “sentem” sua desgraça e veem
correndo e aqueles que só te abraçam e não precisam dizer mais nada.
Sim, são
muitos amigos, colegas, pessoas presentes no trabalho, na escola, em casa, na
vida. E aqueles que foram criados contigo e que não se perdem nunca!
Cada amigo precisa de um tipo de alimentação diferente e dependendo do seu horóscopo do
dia você acaba “molhando demais a planta” e encharcando a raiz, matando de vez
a amizade. Pois é, afinal, como deve se comportar um amigo? Ser sincero,
omisso, fiel, alegre, dar tapinhas nas costas, fingir que não vê, fazer de
conta que está triste também só pra consolar, ser duro, sensível, irônico? Não
sei! Talvez tudo isso faça parte do todo mas do meu ponto de vista, para se
manter uma amizade tem que haver confiança e esta só vai ser adquirida com
respeito e verdade. Fui verdadeira demais. Achei que estava segura em nossa
recíprocra confiança e fui mal interpretada. E pior, fui afastada e portanto,
não perdoada.
Não vamos
nunca encontrar a fórmula mágica ou o manual onde os relacionamentos possam ser
estudados e aplicados a este ou aquele caso. Enquanto falarmos sobre seres
humanos andaremos sobre uma corda bamba, sem rede embaixo para salvar nossa
queda. Afinal, que tipo de amigo eu quero: aquele que vai contra minhas
loucuras ou aquele que é conivente com minhas demências?
O mais
interessante é que quando falamos a verdade, quando expressamos nossos
sentimentos, abrimos nosso coração, esperamos uma boa reação. Mas sempre
acontece ao contrário. Vai ver que é por isso que aprendemos a mentir desde
crianças. Não nos é ensinado a valorizar a verdade. Nos sentimos seguros atrás
da mentira. E assim proceguimos na nossa vida adulta e acabamos por nos
transformar em grandes covardes.
Se eu
mentir, você vai me amar para sempre porque vou compactuar com seus
sentimentos, com seus atos, com suas escolhas. E assim, você vai se sentir
seguro e feliz sem o compromisso da responsabilidade. Simples!
Por isso,
quanto mais velha fico, vou atando ainda mais os laços antigos que me dão
segurança e que sei, são verdadeiros. De qualquer forma, tudo que fiz veio do
meu coração, com a intenção de ajudar. Tudo bem, como dizem, o inferno está
cheio de boas intenções. Que bom, quem sabe o inferno não é tão mau assim. Se
as ações infernais forem feitas com amor, o diabo provavelmente deve estar
tentando se mudar.