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Trabalhamos embarcadas, offshore, dentro d’água, como queiram. As palavras para explicar essa maneira de ganhar a vida, ou ganhar o sagrado dinheiro para viver a vida, tem muitos nomes. Mas, o importante é o que se ganha na convivência. Neste mundo muito diferente, temos o privilégio da intimidade quando descobrimos a beleza no interior dos seres mais incríveis. Verdadeiros presentes em palavras pois é o que podemos aqui compartilhar. Pérolas que não vão adornar o corpo mas com certeza vão fazer crescer o valor da alma de cada uma de nós. Se nem tudo que se mostra é belo, não importa. Se percebermos o equilíbrio, vai ficar tudo bem!

29 janeiro, 2013

Infinitos Cinquenta Tons de Vida



Não pense que vou escrever sobre o livro mais famoso do momento, desculpe decepcionar vocês. Esse cinquenta tons é apenas uma alusão aos cinquenta anos já completos de uma amiga-irmã, aos cinquenta anos de outra amiga-irmã que está chegando e os meus cinquenta! Ah, sim, tecnicamente sou a mais nova das tres. Isto só me faz rir. Quando na verdade, por tudo que vivemos, a idade cronologica não é a espiritual, nem mesmo a psicológica. É que, dependendo do momento, somos agraciadas com nossas cinquenta caras, nossas cinquenta escolhas, nossos cinquenta sentimentos diluídos em cinquenta emoções. E não são cinzas. Embora o cinza, o branco e o preto estejam presentes, a maior parte do tempo é amarelo... Ouro! Da energia que compartilhamos, das risadas que trocamos, das lágrimas que testemunhamos. Isso faz bem mais de cinquenta. Só nós tres juntas formamos cento e cinquenta. E com nossa irmandade, que sentimos vem bem antes dessa vida, é simplesmente impossível determinar um número, imagine então, uma cor.
Antigamente chegar aos cinquenta era uma marca da velhice. Cabelos brancos; rugas; andar lento, curvado; cansaço; voz baixa, desgastada; um sorrisinho no canto da boca ou as vezes um olhar duro, amargo, sem nenhum vestígio de felicidade. Esse era o tom da velhice dos cinquenta. Hoje a juventude e a maturidade se confundem nos vários tons de cabelo, nas várias artimanhas da dermatologia para mascarar as rugas. É preciso ter cuidado para não cometer uma gafe ou ofender alguém quando mencionar seu tempo. As pessoas estão preocupadas com a aparência e deixam de lado o coração, literalmente.
Enquanto os enfartos aumentam a indústria da maquiagem fica milionária. O grande perigo é darmos mais valor ao supérfluo e não nos atermos aos valores humanos. Amizades, relacionamentos, férias, livros, café com pão de queijo, uma tarde de filmes com os sobrinhos, viagens, uma boa conversa, risadas à vontade à beira mar, tapioca, um bom camarão ao molho de mostarda com mel. Ah, como é bom chegar aos cinquenta. Como é bom acordar todos os dias e agradecer ao sol, ao ar que respiramos, aos familiares que estão vivos e também aos antepassados que nos proporcionaram chegar ao ponto que estamos.
Devemos agradecer aos privilégios que nos são dados todos os dias. Mesmo doentes, mau humoradas; mesmo que aquela dor lombar persista e eu precise ir ao dentista, vou olhar tudo pelo lado bom. Tenho condições de ir ao médico e comprar meus “remedinhos”. Tenho um corpo suficientemente perfeito para me dar liberdade de ir e vir. Tenho dentes! Ah, dentes! Você já percebeu como os dentes são importantes? Quer coisa mais cativante do que poder sorrir, com o bocão aberto, mostrando todos os tons de branco numa risada poderosa e revitalizadora?
Está mais que na hora de entender que estamos apenas na primeira fase dos cinquenta anos. Depois de pintar nossa vida com tantos tons, a palheta de cores nem começou a ser usada ainda. Já choramos, já sorrimos. Enfrentamos mortes e nascimentos. Batizamos, oramos, compartilhamos o pão, o café, o arroz. Mentimos, fomos verdadeiras. Calamos, dissimulamos. Promovemos a paz e enfiamos o garfo da guerra em alguns corações. E continuamos pintando...
A única certeza que tenho é que deixaremos nosso corpo neste plano em algum momento. Quando, não sei. Não me lembro os termos do contrato que assinei. Enquanto isso aumentarei minhas orações. Agradecerei mais. Serei mais verdadeira. Calarei se tiver que magoar. Guardarei o garfo da vingança e a faca do rancor. Jogarei fora minhas amarguras e vestirei cores mais alegres. Ainda vou tentar colocar na parede do meu quarto uma enorme fotografia de nós três juntas: Penélope Charmosa, Betty Boop e Branca de Neve.
E, acima de tudo, viverei intensamente todos os tons da minha vida, agradecida por ter belas amigas. Minhas irmãs: nossos cinquenta tons de vida realmente são infinitos. Obrigada por fazerem parte da minha vida. Obrigada por me emprestarem suas nuances, juntamente com seus pincéis, me ajudando a colorir a minha vida. Independente da foto na parede, tenho um amor infinito por vocês no coração. Thamar e Rosemary (em ordem cronológica!)

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