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Trabalhamos embarcadas, offshore, dentro d’água, como queiram. As palavras para explicar essa maneira de ganhar a vida, ou ganhar o sagrado dinheiro para viver a vida, tem muitos nomes. Mas, o importante é o que se ganha na convivência. Neste mundo muito diferente, temos o privilégio da intimidade quando descobrimos a beleza no interior dos seres mais incríveis. Verdadeiros presentes em palavras pois é o que podemos aqui compartilhar. Pérolas que não vão adornar o corpo mas com certeza vão fazer crescer o valor da alma de cada uma de nós. Se nem tudo que se mostra é belo, não importa. Se percebermos o equilíbrio, vai ficar tudo bem!

23 dezembro, 2011

Bodas de Ouro


Meus pais fazem 50 anos de casados hoje. Bodas de ouro! Embora o casamento seja deles eu me sinto também comemorando 50 anos de vida boa, numa família forte, cheia de altos e baixos mas firme no propósito de evoluir e agregar valores.
Pois foi isso que aprendi, que consegui adquirir e tento passar para as pessoas que estão a minha volta. Honestidade, integridade e lealdade. Por mais que nosso caminho fosse feito de espinhos, era só olhar mais um pouquinho para cima e veríamos as rosas.
Pai firme, sincero, protetor feroz e autêntico. Mãe dedicada, flexível, espiritualizada e extremamente inteligente. Esses ingredientes nos fizeram pacientes, críticos e sonhadores. E misturando nós 5 conseguimos chegar até aqui com uma base sólida onde a referência da família é indestrutível.
E de dois partiram três que transformaram-se em oito e agregaram mais um monte incontável. Família é isso: um juntamento infinito de possibilidades e universos pararelos cheios de mistérios. Não falta bom humor e boa fofoca. Também não falta vontade de querer mais e preguiça com café.
Sim, sempre tem café. Sempre tem chocolate e jornal com uma exagerada conversa sobre política. Sempre tem receitas e comida de qualquer tipo. Geladeira gorda. Melancia. Televisão ligada. Música e gargalhada. Conversa em cima da cama, ao redor da mesa depois do almoço. Doce de banana. Máquina de lavar fazendo barulho; telefone tocando.
Obrigada aos meus avós que pariram meus pais, que formaram uma família que me mantém sã. Obrigada aos meus irmãos que guardam minhas lembranças como desenho animados. Obrigada as minhas cunhadas que permitiram trazer a esse mundo sobrinhos tão únicos, tão amados. Obrigada as minhas tias e tios, aos meus primos e todos aqueles, consanguíneos ou não, que fazem parte deste conglomerado eterno que é minha família.
E domingo tem bolo da titia – das titias!
Família é realmente de ouro. Belíssima simbologia neste metal valioso, iluminado e tão cobiçado. Porque realmente para conquistá-lo é preciso muito esforço psicológico, vontade de ferro, conivência, cumplicidade. É preciso ceder, aprender a entender e amar.
Só sinto-me triste quando vejo que hoje em dia as famílias perderam a referência de estabilidade. Talvez o mundo esteja caminhando para uma nova evolução familiar, sei lá.
A única coisa que posso dizer, porque sinto todo dia, é que prefiro ainda a família antiga que vivenciei quando pequena – uma mesa grande, com meu avô sentado à cabeceira, e muita conversa e risada pararela na hora do almoço. Essa lembrança rara foi o maior presente que tive.
E esse presente continua sendo aberto todos os dias, no ouro da aliança entre meu pai e minha mãe.

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